quarta-feira, 14 de março de 2012

OPAmaisGIA no MAM-BA

O Museu de Arte Moderna da Bahia é um espaço repleto de contradições, que vêm desde sua origem histórica: o Solar do Unhão, onde atualmente encontra-se o museu, era um antigo engenho de cana-de-açúcar, contemporâneo da cultura escravocrata brasileira. Atualmente, após exercer uma série de funções, o Solar do Unhão abarca as propostas artísticas modernas e contemporâneas de Salvador, e esporadicamente do Brasil e do mundo.

Até bem pouco tempo atrás, ao percorrerem as instalações do MAM, os visitantes tinham a opção de jantar em um restaurante de comidas típicas baianas, que funcionava no prédio da antiga senzala do Solar do Unhão. Lá, onde os escravos dormiam, se alimentavam e viviam em condições sub-humanas, o público – turistas em sua maioria - podiam agora vislumbrar espetáculos de capoeira e se deliciar com as iguarias locais, em uma ironia do destino. A mesma dança/luta, sinônimo de resistência racial e cultural, era naquele momento apresentada de forma folclórica e caricata. Hoje em dia, um novo restaurante convive com novas galerias, que recebem as exposições temporárias do MAM.

Foi um painel do nosso querido artista moderno Carybé que serviu de cenário para mais um “motivo” para as intervenções coletivas do GIA e do Opavivará!. O local escolhido foi a praia em frente ao Parque das Esculturas: uma zona “isolada” do complexo arquitetônico do MAM, que instiga a todos: praia particular (já que não havia entrada livre até bem pouco tempo), restrita a um público seleto, ou zona de livre circulação?
O Carrinho do GIA garantiu a música, o Caramujo a sombra, o Carrinho de bebê do OPA os líquidos refrescantes, as cadeiras triplas de praia criam mais um ambiente para o convívio coletivo, a troca de ideias e a formação, em eterna permutação, de novas pequenas células de pensamento; os infláveis e o Flutuador a possibilidade de convivência em pleno mar, quase uma zona autônoma temporária. O caráter autônomo, ambulante, efêmero e quase precário destas estruturas faz lembrar os velhos cortejos da fobica de Dodô e Osmar. Contagiante caminhada sem pouso definido, a deriva errante do deambular.

Pessoas jogando futebol, outras usufruindo do churrasco improvisado ou compartilhando a experiência coletiva flutuante, que desafia também os limites desse dito “espaço público” que é o mar, cujas fronteiras são por si só enigmáticas. O mar, esse pequeno infinito que nos incita a idéia de um infinito ainda maior.

Como não poderia deixar de ser, em se tratando de uma instituição, os seguranças do MAM se sentiram incomodados com a ocupação inusitada da pequena praia quase sempre tranquila e vazia, principalmente com as possíveis ameaças à “segurança” do painel de Carybé (onde, por coincidência, são representadas pessoas dançando e se movimentando!!). Os seguranças deveriam usar roupas mais leves naquele cenário tão paradisíaco, feito de calor e de maresia. O convite para se juntarem a nossa celebração não foi aceito. Celebram o que? Mas estarmos aqui todos juntos já não é motivo suficiente? As eternas contradições vistas pelo OPAmaisGIA nessa terra de magias que é a Bahia. A lavagem do senhor do Bonfim, por exemplo, que é feita com as portas da igreja fechada. Mas Jorge Amado profetizou, em O Sumiço da Santa: "Antes lavava-se a igreja inteira, celebrava-se Oxalá no altar de Jesus, um dia voltará a ser assim". A praia para poucos, pra ninguém, voltou a ser praia de todos, dançando como no painel de Carybé. Ocupar espaços proibídos e ociosos da cidade com dança, música e festa é um gesto político. Mas mais do que isso é um gesto em busca do prazer, sentimento que o autoritarismo do poder público tenta cercear. Contra a culpa e o sofrimento, pelo orgasmo e pela alegria, só acreditamos em deuses que saibam dançar.

sexta-feira, 9 de março de 2012

MAIS UM MOTIVO: Descascando o abacaxi

Todo mundo pensa que é ficção científica essa coisa de um mundo dominado por máquinas. Hoje, mais um motivo, fomos em cortejo, OPA! mais GIA, do Santo Antônio até a Rótula do Abacaxi. O carrinho de bebê do OPAVIVARÁ! em caminhada orgiástica com o carrinho do GIA. Som, água de coco e cachaças aromáticas. É luxo só. Durante todo o trajeto a procissão de cores e prazeres decidia não sofrer diante da quase impossibilidade de se caminhar pela cidade. É fácil perceber como nada ali é pensado para a dimensão do corpo humano. Calçadas estreitas, cheias de obstáculos. O espaço dos carros espreme o pedestre no canto, quase de lado, estilo pintura egípcia na parede. Comprem um carro, devem pensar os engenheiros. O ideal do aparelho megaindustrial. Mas avançamos, cantando, dançando, bebendo, refrescando o calor sem árvores da cidade numa caminhada descolonizadora. Ao invadir uma obra, de mais uma rodovia que se abre para os carros, sem nenhum pensamento para os ambulantes, os carrinhos arrastaram os operários que saíram do enorme caminhão para sambar no asfalto fresco, de volta à dimensão humana. Depois da curva começa a subida do viaduto da Rótula do Abacaxi, e que abacaxi. Toneladas de concreto armado avançam pelo céu, rampa de lançamento para veículos que não decolam. Enquanto isso avançamos e ao som da música, das bebidas, das conversas e interações, nós decolamos. Aterramos ao lado do insólito coqueiro abacaxi. Uma árvore que resiste ao céu de concreto e convida a uma reflexão sobre sua estrutura orgânica, em mutação, e o mundo dominado pelas máquinas que agora flutuam sobre ele. Ali fincamos nosso acampamento. Esteiras de palha, cadeiras de praia coletivas, churrasqueira improvisada e pessoas, convidados são sempre todos. O coqueiro é o corpo estranho ou o viaduto é que é insólito? Não são os pilares de cimento que sustentam o viaduto, é o coqueiro quem sustenta isso tudo. O dia avança e quem passa traz consigo o horário de pico, a imposição da necessidade de eficiência, trabalho, produtividade. Quem para por ali instaura um cantinho de prazer, um lugar de produção de subjetividades para um pedaço morto da cidade. Por que a obra milionária não pensa em quem passa a pé? Nós pensamos, acredite em suas ações. Novos amigos vão se chegando e a festa está armada. A festa, esse lugar no qual se vive plenamente o presente. A churrasqueira, o pic-nic, a cozinha coletiva. Cozinhar é um ato revolucionário. A pressa desenfreada da cidade parece diminuir de velocidade e o vento faz o coqueiro falar no tisc tisc tisc das folhas roçando. Parece que ele quer dançar com a gente, fantasiado e colorido como estamos todos. Vamos então dançando com ele, por toda a cidade, vestidos de prazer e desaceleração.





























Amanhã tem FLUTUADOR!


Com a presença especial da Musa do Flutuador Michelle Coletiva, Durante todo o dia de sábado estaremos na praia em frente à comunidade Gamboa de baixo e ao Lado do MAM - BA vivendo experiência autônomas e transitórias!

Vocês estão convidados à comparecer.

Tragam suas bóias de braço, bichinhos infláveis, frutas, sucos, toalhas de praia de bichinhos e superheróis, a farofa, a limonada, o isopor com as bebidas geladas, vamos comemorar o fim do dia com uma linda FILA ao por do sol?

quinta-feira, 8 de março de 2012

COSMOCONHAS #1 #2 #3




Mais um motivo nas calçadas de Santo Antônio

A copa se aproxima, os casarões se remodelam. Vende-se, aluga-se. Lemos we rent suite and daily, vendo este imóvel pelas ladeiras de Santo Antonio.
Nós, mulheres OPA+GIA, resolvemos mandar os meninos ao mercado São Joaquim, enquanto a gente colocava histórias em dia. 
No caminho, eles construíram essa passarela maravilhosa, usando o mundo como a gente o encontra.






MAIS UM MOTIVO: CONVERSAS E REUNIÕES

Reunião na Praia do Porto da Barra









terça-feira, 6 de março de 2012

MAIS UM MOTIVO: TEMOS BOM PAPO ! CARRINHO DE BEBÊ !

Gambiologia é a ciência da gambiarra, assim definiu o ferreiro Bahia, grande figura que conhecemos nas nossas andanças por Cachoeira. A cartografia ambulante da pesquisa nos levou até ele. Pelas ruas pedregosas da cidade encontramos na sua oficina um carrinho de bebê. A loja de licores ao lado forneceu os licores de Cachoeira. O carrinho de bebê se transubstanciou em carrinho de bebê mesmo, na forma da fala popular. A tecnologia da gambiarra foi posta em prática com soldas, garrafas, bicas, durepox e amor. Ao som do Samba GIA o carrinho caminhou pela cidade funcionando como dispositivo lúdico de interação etílica. Afinal, um homem que só bebe água tem um segredo a esconder de seus semelhantes. Como aqui não há nada para se esconder vamos desvendando os mistérios gambiológicos desse encontro de trios que é o OPAVIVARÁ! + GIA, sempre buscando mais um motivo.